Na opinião do humilde catador de milhos e concatenador de simples ideias, mais valia Marx nunca ter conhecido Engels, ou não!
Fonte: Água de Poços de Caldas - Meu pai e minha mãe forma lá na lua de mel e pá pum!
Rio de Janeiro, RJ - O apartamento imundo e
desorganizado que é compartilhado por 3 membros de um núcleo marxista é uma
evidência do porque a utopia econômico-social descrita nos textos de Karl Marx
jamais funcionará.
"A história da sociedade é a história
inexorável da luta de classes", disse Kiko, estudante de 23 anos, com os
pés apoiados sobre a mesinha do café cheia de contas vencidas, tigelas sujas de
comida e panfletos socialistas manchados de bebida. "O cenário está pronto
para a luta final entre a burguesia e o proletariado, a verdadeira classe
produtiva. Nós estamos bem conscientes disso."
Antes de se mudarem para dividir o mesmo
apartamento no início de 2001, os companheiros Kiko, João e Marcos se sentaram
no barzinho Arco-Íris da Lapa e debateram sobre como seria um sistema
igualitário para a convivência harmoniosa no apartamento. Cada um teria
tarefas, as quais teriam de ser executadas num determinado dia da semana. Um
quadro de avisos na cozinha foi o lugar escolhido para colocar os anúncios e
contabilizar o uso de bens comuns como o papel higiênico e a pasta de dente.
"Nós estamos criando um mundo melhor,"
disse João, colocando seu cigarro no cinzeiro que havia 6 dias não era
esvaziado. "Foi como se tivéssemos desmantelando o aparato do sistema bem
aqui na nossa casa."
Apesar do otimismo dos companheiros, seu sistema
começou a falhar logo depois de começar. Para acertar as disputas, os
companheiros faziam reuniões semanais: o Comitê dos Três.
"Eu disse que achei que era uma conversa
mole porque eu aqui sou o único que cozinha aqui e ainda tenho os pratos para
lavar também", disse Marcos, sem perceber o quanto o apartamento deles
confirma a impraticabilidade do socialismo científico definido no Das Kapital.
"Então decidimos que se eu cozinhar, alguém vai ter que lavar os pratos. E
nós íamos nos revezar na limpeza do banheiro, mas o companheiro Kiko deixou de
fazer a sua parte, então falamos para ele levar o lixo para fora. Mas ele agora
tem aula na Terça de noite então ele mudou para passar o esfregão na
cozinha."
Depois de semanas de reclamação de que ele era o
único que sabia limpar decentemente, João começou a deixar de se esforçar,
repetindo os problemas de produção experimentados na União Soviética e outros
países da Cortina de Ferro.
Numa reunião do Comitê dos Três em sete de
outubro, mais tarefas e um sistema de ponto foram acrescentados. Dois meses
depois, no entanto, o quadro de tarefas já havia sido esquecido e a lista de
compras estava quilométrica.
Os companheiros tentaram implementar um sistema
de compartilhamento de comida, com resultados similarmente precários. O sonho
da distribuição igualitária dos bens rapidamente deu lugar para a má alocação,
o ato de esconder comida e os furtos entre os companheiros.
"Eu comprei Amendocrem nas primeiras quatro
vezes e essa comida orgânica é cara pra ***," disse Kiko. "Aí então
eu tenho escondido um pouco na minha gaveta de cuecas. Se o companheiro Marcos
quiser um sanduíche, ele que vá na padaria e compre para ele."
Um outro experimento fracassado envolveu a
maconha comprada coletivamente. Bate-bocas constantes surgiam sobre qual
companheiro fumava mais do que a parte que lhe cabia, e os companheiros
começaram a esconder os cigarros que eles compravam individualmente -
especialmente de noite quando a escassez era mais frequente.
Essa situação é familiar para Fábio Arbequis,
autor de "Das Kapengal: Uma História do Marxismo de Universitários".
"Quando os companheiros começam a fazer
corpo mole, a economia do apartamento sofre," diz Arbequis. "Mas em
uma sociedade onde existe uma ampla gama de gente capacitada, alguém vai
reclamar de ter que carregar os outros nas costas e todo mundo fica revoltado
como o companheiro Kiko."
De acordo com Arbequis, a falta de produtividade
do grupo se reflete na vida inteira deles, com os companheiros encorajando-se
uns aos outros a matarem aulas ou o trabalho para ficarem o dia inteiro no sofá
fumando maconha e falando de política.
"Um espírito de competição de mercado livre
numa casa resultaria em melhor renda e notas mais altas," disse Arbequis.
"Então, em vez dos companheiros serem detestados e ficarem isolados do
mundo como os países comunistas normalmente são, eles poderiam manter uma
diplomacia efetiva com o dono do apartamento, com seus pais e com o chefe do
companheiro Kiko que está pensando em demití-lo."
A falta de fundos e a escassez resultante não
apenas gera descontentamento como também a corrupção. O coletivismo não
funciona também porque nem todos fazem sua parte. João escondeu seu
contra-cheque dos seus companheiros de modo que ele não teve que contribuir com
o aluguel do apartamento, essencialmente se recusando a participar da taxação
voluntária forçada que é a base do socialismo. Ainda pior, Marcos, que é
encarregado de juntar o dinheiro e pagar as contas, embolsou 30% num roubo que
ele disse que era para "pagar a conta do gás" mas foi gasto em bebida
naquele mesmo dia.
"Como é da natureza humana, o poder tende a
corromper até os homens mais nobres," disse Arbequis. "Quanto maior o
poder que o coletivo tem sobre a vida dos indivíduos, como no caso desses três
companheiros dividindo um apartamento, mais incentivo para ser inescrupuloso
tem aquele que é encarregado da distribuição. Em breve esses marxistas vão
perceber que o controle que o coletivo tem sobre eles é muito maior do que eles
gostariam que fosse."
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